Com a licença das leitoras e leitores que se detiveram na primeira crônica sobre a louça e a vida (volte 8 posts na Revista Ventanas para reler), retorno ao tema para tentar responder a pergunta que ficou no ar: se é um privilégio ter louça na pia, e disso ninguém duvida, quem deve lavá-la?
Com os comentários de vocês – e acreditem, não há nada que deixe a cronista mais feliz e o texto mais rico – condensei uma série de respostas:
1- a louça é atribuição de quem não cozinhou, mas se deliciou com a comida;
2- quem se incomoda com a pilha de pratos e panelas, após a produção das refeições, que se habilite;
3- enquanto cozinha, a pessoa já pode ir lavando, secando e guardando;
4- a louça suja deve ficar para quem gosta de lavá-la – sim, existem pessoas que gostam dessa tarefa!
Com as quatro possibilidades acima, e suas presumíveis variações, parece que o problema da louça na pia está resolvido, mas ainda gostaria de trazer para a discussão um ponto levantado por um leitor muito especial, casualmente o que compartilha comigo a cozinha e o jardim. Ele questiona: se depois de cortar a grama e podar flores e árvores, o jardineiro sempre recolhe os restos e guarda as ferramentas, por que não acontece o mesmo com a cozinheira? Pois é, eu não sei, só me ocorre que não lembro de já ter visto um chef lavando a louça. O que também pode ser pura convenção, dadas as respostas compiladas acima (ou pretensão de uma simples cozinheira achando que é uma chef, rsrsrsrs).
Minha réplica para esse leitor jardineiro, portanto, é que em cada casa devem ser criadas as combinações que melhor funcionem para os moradores. Não há uma regra única, e chegar a uma distribuição harmoniosa de tarefas, de modo que ninguém se sinta sobrecarregado, é uma empreitada que demanda muito diálogo, compreensão e, de modo especial, a vontade consciente de tornar mais leve o peso da vida. Existem pessoas assim? Sim, acreditem!